segunda-feira, 22 de julho de 2013

O começo...

Bom, tudo começou quando simplesmente eu tinha 12 anos. Eu ainda era uma criança! Começaram a me chamar de quadrada, mal feita e gordinha, eu chorava sempre no banheiro do colégio quando me falavam isso. E então eu comecei a me olhar no espelho diferente das outras meninas. Eu nem sabia o que era bulimia, anorexia e distúrbio alimentar. Eu era uma CRIANÇA, eu nem sabia o que era isso. Literalmente falando. Eu brincava de bonecas e conversava com as minhas amigas do colégio e da rua sobre as bandinhas da moda e lia capricho. Eu me olhava diferente, mas não sabia qual era a diferença que eu tinha entre as outras meninas, foi então que com 13 anos eu descobri que me achava gorda, e que todas as meninas da minha sala eram magrinhas e tinham o corpo bonito. Eu queria ser igual a elas, eu tinha inveja delas.

A partir daí eu passei a evitar as comidas, ou então comer, comer e comer e me arrepender depois. A passar a noite chorando e pensando porque Deus tinha me feito gorda, e porque ele gostava de me fazer chorar. Cheguei a duvidar várias vezes da existência dele, pois pra mim não podia existir um ser o qual muitas pessoas o chamavam de O SALVADOR, que amava os seus filhos, mas que me fazia chorar. Foi então que eu passei a pensar diferente. Que ele queria todas as pessoas felizes, menos eu. Que ele gostava quando eu sofria. E eu não entendia o motivo. Eu não sabia porque Deus queria aquilo pra mim. Por que ele insistia em me fazer sofrer? Por que ele gostava de me ver chorar? Passei a odiar Deus, e a jogar toda a culpa por eu ser gorda em cima dele. Cheguei a várias vezes dizer que Deus não existia, pois no meu momento de solidão e angústia eu não conseguia sentir paz, eu só sentia vontade de morrer.
E foi com 14 anos que eu passei a pensar na morte. A pensar que seria melhor me matar... morrer. A morte naquele momento era a melhor opção pra mim. Eu não aguentava mais chorar e me lamentar por ser gorda.

Aos 14 anos, eu cheguei a abrir uma caixa inteira de lexotan, mas cheguei a tomar 3. Passei dias com muito sono e muito lesada. Depois da primeira tentativa fracassada e frustrante, eu cheguei a pegar um facão na cozinha e pressionar no meu peito, mas não tive coragem. Foi então que eu decidi que não iria mais me matar, mas que eu iria emagrecer A TODO CUSTO. Então passei a simplesmente parar de comer. Passava dias sem me alimentar, apenas bebendo água. E quando comia alguma coisa, eu corria pro meu quarto e chorava, chorava e chorava, porque eu tinha me arrependido de ter comido. Eu vivia de dietas (aliás, ainda vivo). Lia na internet sobre dietas para emagrecer e o que fazer para ser magra.

E então eu cheguei a comer apenas meia maçã por dia. Ou espremer 2 limões e tomar isso de uma vez, sem água e nem açucar, apenas o limão. E passava o dia inteiro sem comer nada. Desmaiei várias vezes no colégio. Passava mal o tempo inteiro.

Os anos foram se passando, e foram os meus 15,16 e cheguei aos 17, uma fase crítica na minha vida. De novo eu tentei me matar e a ter mais pensamentos suicidas. Todos os dias eu pensava como seria bom se eu morresse, eu pensava na morte COM AMOR, pensava que era a melhor coisa, e mais algumas tentativas falhas de me matar me frustraram novamente. Depois, eu passei a pior fase da minha vida. Em que eu me desiludi com tudo. Com a vida, com a obsessão por ser magra e passei apenas a viver por viver. Comer o que queria comer e depois chorar, fazer minhas atividades por fazer, enfim... apenas viver por estar viva, mas sem nenhuma vontade de viver. Eu naquele momento rezava e pedia a Deus que ele me levasse embora, que chegasse a minha hora o mais rápido possível, porque eu não aguentava mais.

As coisas na minha vida foram acontecendo, passei na faculdade, conheci novas pessoas e aí vieram os elogios. Quando me elogiavam, eu agradecia e por um momento ficava feliz, mas depois eu achava que estavam zombando por eu ser gorda, que as pessoas tinham pena de mim e por isso me elogiavam. Eu nunca acreditei quando me disseram que eu era bonita. E ainda não acredito.

É difícil passar por um dia em que eu me olhe no espelho e não me veja imensamente gorda. Eu as vezes ainda cogito em me matar, mas daí eu penso em tudo que construí e desisto, e choro, por ser uma pessoa fraca e vou comer, e me arrependo por ser mais fraca ainda, e passo alguns dias sem comer e me sinto linda e magra, e quando enfim, eu como alguma coisa, apenas para aliviar a minha fome, eu já me sinto horrível de novo.

Ainda hoje faço a dieta da maçã e do limão. Fico sem almoçar e sem jantar. Eu minto. Eu digo que comi, mas na verdade eu nem passei perto da comida. Eu fico horas do meu dia pensando que eu queria morrer, que seria melhor pra mim. Porque eu não aguento mais essa vida... EU NÃO AGUENTO MAIS!

Essa é uma luta diária. O qual eu não sei se vou vencê-la, mas espero apenas desabafar. Pois não tenho coragem de dizer pra minha família o que eu sinto e tudo o que eu passei. Eu quero gritar pro mundo o que eu passo, mas não tenho coragem de assumir minha identidade, portanto, estou aqui fazendo um blog, para poder falar, gritar e dizer o que eu passo, o que eu sinto, o que eu faço pra emagrecer e o que eu queria ser.

Como eu já disse no cantinho alí do lado, meu nome NÃO É LAURA, mas assinarei com ele daqui por diante. Esse é um pseudônimo, de alguém que quer desabafar suas angústias e seus desesperos.

com carinho e amor, Laura. ♥

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